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Jornalismo de investigação e jornalismo online debatidos em Braga

A Rádio Universitária do Minho (RUM), no âmbito da celebração dos seus 18 anos, trouxe a debate o jornalismo de investigação e o jornalismo online em Portugal. Foi ontem, dia 18, no Museu Nogueira da Silva, que ocorreu a troca de ideias.
“Estarão os géneros jornalísticos a convergir?” foi a pergunta de partida, feita pela jornalista da RUM e moderadora do debate, Natasha Correia. Os três convidados, Luís Santos, professor universitário na Universidade do Minho, Manuel Molinos, jornalista do Jornal de Noticias, e Paulo Moura, do Público concordaram que o risco de isso acontecer é mais alto no jornalismo online do que no impresso. No jornalismo online há géneros mais específicos e há outro tipo de possibilidades, como o imediato e mais fácil feedback dos leitores, ou a interactividade, como sublinhou Manuel Molinos.
Paulo Moura focou o clima de incerteza que se vive neste momento, e realçou a confusão existente na área: “hoje em dia abrimos um jornal e vemos poucas notícias. Há alguma confusão entre opinião e informação, ou entre noticia e ficção, o que é perigoso”.

Os jornais impressos e o novo papel do jornalista

No seguimento do debate surgiu a questão do provável desaparecimento dos jornais impressos face à popularização dos jornais online: “É possível que os jornais mudem e deixem de ser como os conhecemos hoje, mas acredito que hão-de sobreviver”, afirmava Luís Santos. “O fim do impresso já é anunciado há muito, e ainda continua. Acho que os jornais podem vir a ter outra dinâmica e fazer outro tipo de apostas”, continuava o professor. Já Paulo Moura defendia uma posição bem diferente: “Acredito que os jornais vão mesmo acabar”, afirmava convictamente. “Com o surgimento das novas tecnologias e suportes, o jornal impresso tenderá, por natureza, a desaparecer”. No entanto, o jornalista do Público prevê uma nova valorização do jornalista: “Com tanta informação que vai surgindo por pessoas não qualificadas o jornalista vai ser valorizado, por ser essencial na mediação dos assuntos. Acredito que a figura do jornalista vai emergir com mais força ainda no futuro”.
Manuel Molinos defendeu uma opinião semelhante: já nos baseamos muito no online, por isso é natural que o impresso desapareça. “Não imagino as gerações mais jovens a comprar jornais”, afirmou. Ainda assim, “o fim do papel não significa o fim do jornalista”, ainda que implique várias alterações nas suas funções.

Jornalismo de investigação e jornalismo de secretária

Jornalismo de investigação? “Sai muito caro”, acabariam por concordar os três convidados, atestando a opinião da jornalista do semanário Sol, Felícia Cabrita, que apesar de não estar presente, deixou a sua opinião. “Hoje em dia o jornalismo é feito na secretária”, afirmava também a jornalista, e Paulo Moura concordava: “Hoje em dia uma redacção funciona bem sem ser preciso o jornalista sair do lugar”.
Cada vez tenta evitar-se mais mexer com situações de risco, mas a figura do repórter, a longo prazo, pode vir a ser valorizada. Esta ideia, partilhada por todos os convidados, serviu ainda de mote para lembrar que, para haver um melhor jornalismo de investigação é necessário que os jornalistas queiram procurar e ir mais longe nas suas investigações, ainda que cada vez seja mais difícil obter financiamento, ou até, autorização.